SÁBADOS NO INSTITUTO DA PSICANÁLISE LACANIANA - 2008

Curso 5: sábado, 25 de outubro de 2008

O que é a Segunda Clínica de Jacques Lacan?

No percurso de Lacan, encontramos duas clínicas. Elas são diferentes na forma de abordar os fenômenos clínicos, de trabalhar psicanaliticamente, de dirigir o tratamento e de formalizá-lo. Estabelecem relações complexas entre si.

Nos anos 50, em seu retorno a Freud, Lacan fundou uma clínica estrutural, regida pelo simbólico, dirigida por um analista a quem cabia interpretar as formações do inconsciente e situar o sujeito no seu desejo. A clínica, edípica, se estruturava entre a neurose, a psicose e a perversão e, na sua vertente neurótica, o sintoma era concebido como uma mensagem a ser decifrada.

Nos anos 70, Lacan foi além de Freud e estabeleceu as bases de uma clínica dos nós, pós-edípica, que privilegia a experiência do real. Numa época em que ‘o Outro não existe’, as estruturas clínicas resultam dos modos de amarração dos registros simbólico, imaginário e real e o sintoma é concebido como forma de satisfação. Na transferência, o analista opera de modo a modificar a relação do sujeito com seu gozo.

Cada época tem suas “doenças” e seus “remédios” e, na globalização, o mal-estar assume novas formas. Se a primeira é uma clínica da modernidade, a segunda é uma clínica da pós-modernidade. Se a primeira é uma clínica pai-orientada, de um “mundo sólido”, a segunda é uma clínica do homem desbussolado, de um “mundo líquido”.

A mudança na orientação lacaniana abre um amplo campo de pesquisas e de aplicações. Localizar-se nas transformações que a psicanálise de orientação lacaniana experimentou é um imperativo clínico e ético que se impõe ao psicanalista. Assim, neste curso, vamos examinar as principais referências que definem a Segunda Clínica de Jacques Lacan, explorando seu alcance, limites e consequências.

Programa

9h00 – 10h30: A Segunda Clínica de Jacques Lacan: Emprestando Conseqüência

Jorge Forbes

Periodizações do percurso de Lacan. O quê quer dizer duas clínicas? Mudanças de paradigmas. A clínica do significante e a clínica do gozo. O sujeito do inconsciente e o parlêtre. Prevalência do real. Os mitos e o ponto de fixação ou a fixão do real. Emprestar sentido e emprestar conseqüência. Da verdade para a certeza. A identificação ao sintoma. O significante novo e a responsabilidade. Da palavra ao gesto do analista. Direções do tratamento.


10h30 – 11h00 – coffee –break

11h00 – 12h00 – Uma Clínica Pós-Edípica
Claudia Riolfi


Um software freudiano. O Édipo freudiano e o lacaniano. Ascensão, declínio e destinos do Édipo. Mito, estrutura e lógica. Sociedades ‘pai orientadas’ e ‘não-pai orientadas’. A metáfora paterna e a pluralização dos Nomes-do-Pai. O homem desbussolado. Novas configurações familiares, parcerias amorosas, laços sociais. O Outro existe? Bem-estar e mal-estar na globalização. O desejo, gozo e civilização. Inibição, desinibição, sintoma e angústia. Servir-se do pai; prescindir do pai.


12h00 – 13h00 – A Palavra e o Corpo
Ariel Bogochvol


O sujeito lacaniano. O sujeito como efeito do significante. A palavra mata a coisa. O sujeito e o corpo. O parlêtre. O corpo vivo, além do significante. O desejo e o gozo. Para além do princípio do prazer. O gozo como propriedade do corpo vivo. A substância gozante. O objeto a. Modalidades e paradigmas do gozo. O corpo na clínica. Os acontecimentos do corpo. As fórmulas da sexuação. O homem, a mulher e a não relação. Sentido e satisfação.


13h00 – 15h00 - almoço


15h00 – 16h00 – Uma Clínica do Real
Leny Mrech


Simbólico, imaginário e real. A experiência do real no tratamento psicanalítico. O inconsciente simbólico e o inconsciente real. O que não cessa de se inscrever e o que não cessa de não se inscrever. O real da ciência e o real da psicanálise. O discurso como defesa contra o real. Linguagem e alíngua. Elucubrações sobre alíngua. Todos deliram. A psicose como paradigma. Um discurso que não seria do semblante. Clínica irônica. Psicanálise sólida e psicanálise líquida.


16h00 – 16h30 – coffee-break


16h30 – 18h00: Finalidades e Finais de Análise
Jorge Forbes


A presença e o desejo do analista. O analista como Sujeito Suposto Saber e como objeto a. Sem standards mas não sem princípios. Os princípios da psicanálise. A ética da psicanálise. O ato analítico. A palavra toca o corpo. Os ideais, o encontro, a surpresa. Desautorizar o sofrimento. A quebra das identidades. Coragem, vergonha, honra e luxo. Efeitos terapêuticos. Os finais de análise e a felicidade. O passe. As instituições psicanalíticas. O analista cidadão. Analista multiuso. Inventando o futuro.

 

Informações e Inscrições: na sede do IPLA
Rua Augusta 2366, casa 2, São Paulo
ou pelos telefones (11) 3061 0947 e 3081 6346

Taxa: R$ 100,00
Alunos do IPLA e estudantes universitários: R$ 70,00

www.psicanaliselacaniana.com
www.ipla.org.br
ipla@ipla.org.br